19.5.14

Sabe bem ter um inimigo

Estás instalado numa inimizade antiga. Achas que tens motivos para estares zangado com a pessoa que, segundo a sua perspectiva, se opôs a ti. Talvez ela o tenha feito e talvez ela te tenha traído ou até caluniado. De qualquer modo, os teus sentimentos de hostilidade tornaram-se uma fonte perversa de alimentação e energia. Sabe bem ter um inimigo, quase tão bem como ter um amigo. A energia que pomos na inimizade reduz a que podemos investir nos nossos amigos; mas não gostamos de ver isso nem de o admitir. Talvez a causa original do conflito tenha desaparecido da tua memória.  É uma história tão antiga que se torna embaraçoso tentar vê-la de novo, sob outra luz, e reparar como ela se tornou agora banal e ultrapassada. Em vez de nos abrirmos a uma discussão racional, pomos um interdito no portão do nosso bloco de segurança,  negando a admissão ao inimigo.

E, um belo dia, o teu inimigo estende-te a mão. Ou manda-te uma palavra para reiniciar o diálogo. Ao princípio sentes-te ofuscado, depois indignado e a seguir confundido em relação ao que hás-de fazer. Mas a graça ainda não aconteceu, até conseguires olhar de novo para o teu inimigo.

{Laurence Freeman OSB}

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